O Crédito Empresarial no Brasil: Desafios, Números e a Busca por Novos Caminhos
- Everton Rodrigues
- 5 de mai.
- 2 min de leitura

Com mais de 15 anos de experiência atuando em bancos como Santander e Itaú-Unibanco, tive a oportunidade de acompanhar de perto a realidade de milhares de empreendedores brasileiros. Essa vivência me permitiu entender, com profundidade, o ciclo de crescimento e as dificuldades enfrentadas pelas empresas em diferentes momentos econômicos. Um dos maiores gargalos para o desenvolvimento sustentável dos negócios no Brasil continua sendo o acesso ao crédito.
Nos últimos anos, especialmente após os impactos da pandemia e diante da instabilidade política e econômica, o cenário se tornou ainda mais desafiador. Segundo o Banco Central, a taxa média de juros para empresas no Brasil fechou 2023 em torno de 25% ao ano, com picos que ultrapassam 30% para pequenas e médias empresas, dependendo da linha de crédito. Além disso, dados da Serasa Experian indicam que mais de 6,3 milhões de empresas estavam inadimplentes no país no fim de 2023 — um recorde histórico.
Esse cenário de crédito caro, burocrático e de alto risco contribui para o sufocamento financeiro de muitos negócios, levando empresários a adiar investimentos, reduzir operações ou, em casos mais extremos, encerrar atividades. A falta de previsibilidade, o peso tributário e a lentidão para a aprovação de financiamentos também são obstáculos recorrentes apontados por quem empreende no Brasil.
Por outro lado, cada vez mais empresários brasileiros começam a olhar para fora do país em busca de novos horizontes. Os Estados Unidos, por exemplo, têm se mostrado um destino atrativo não apenas para o consumo e turismo, mas como uma porta de entrada para a internacionalização de empresas e ideias. O ambiente de negócios mais previsível, a taxa de juros bem menor, o acesso a crédito com menor burocracia e a força do mercado consumidor norte-americano criam um contraste que desperta o interesse de quem deseja crescer com menos amarras.
Segundo dados da Receita Federal norte-americana (IRS), mais de 30 mil empresas de brasileiros estavam registradas nos EUA em 2023, um número que vem crescendo ano após ano. Esse movimento é reforçado pelo amadurecimento do ecossistema de apoio ao empreendedor imigrante, com serviços especializados em legalização, abertura de empresas, obtenção de crédito e estratégias de expansão no mercado americano.
Vale destacar que internacionalizar um negócio não significa necessariamente abandonar o Brasil, mas sim criar alternativas, diversificar riscos e se posicionar estrategicamente em um mercado global. É uma resposta prática a um cenário desafiador que tem se perpetuado no país e um passo lógico para empresas com espírito de crescimento e inovação.
Com base nas experiências acumuladas e na observação constante dessas tendências, fica claro que estamos vivendo um momento de transição. Os empresários brasileiros têm demonstrado resiliência admirável, mas muitos já perceberam que olhar para fora pode ser a chave para alcançar um novo patamar de estabilidade e crescimento.
Este é um tema que merece ser discutido com profundidade e estratégia, pois as oportunidades existem — e estão ao alcance de quem se prepara para elas.




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